quarta-feira, 15 de junho de 2016

"O Brasil precisa de matemática"


Marcelo Viana, diretor do IMPA do Rio.
"O Brasil precisa de matemática", diz o carioca Marcelo Viana, diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) do Rio, que citou à imprensa, no último dia 08, o caso real de uma vendedora de castanhas de caju que oferecia um pacote por R$ 3 e dois por R$ 5, mas se recusava a vender três por R$ 10 por considerar um mau negócio.

"Não estamos falando de profissão tecnológica, e sim de vender castanha de caju. A matemática também entra nesse nível. O país tem que encarar isso como uma prioridade", afirmou.

Nem sempre a matemática foi um bicho papão.

Segundo o pesquisador, o Brasil, que é uma potência mundial na pesquisa em matemática, precisa se tornar também uma potência mundial nas salas de aula. 

A matéria precisa ser valorizada e se tornar "mais atraente, criativa e próxima das pessoas". Para isso, o papel das famílias é fundamental, diz ele.

"A matemática é um barato. É preciso mostrar isso para a criança desde cedo. Nosso diagnóstico é que o bicho-papão da matemática não existe nos primeiros anos", afirma.

"As crianças gostam de matemática, mas como ela é ensinada nas escolas e a falta de relevância dada pelas famílias faz com que a criança vá se afastando da disciplina."

A área, explica, começa a se tornar um "bicho-papão" para as crianças a partir dos nove anos de idade.

"Pai que diz à criança que ele nunca gostou de matemática está passando o sinal de que não é importante conhecer o assunto", completa.


Viana (no meio) durante a premiação.

Viana recebeu o Grande Prêmio Científico Louis D. por sua obra sobre sistemas dinâmicos - ramo da matemática que estuda fenômenos que se desenvolvem ao longo do tempo -, utilizados em ecossistemas, previsão do tempo, trânsito e movimentos planetários, por exemplo.

A honraria, dada pela primeira vez na área da matemática, é concedida pelo prestigioso Institut de France, que reúne as cinco academias do país, entre elas a de Letras (fundada em 1635), a de Ciências e a de Belas-Artes.

O brasileiro dividirá o prêmio de 450 mil euros (cerca de R$ 1,8 milhão) com o matemático francês François Labourie, da Universidade de Nice, por outro trabalho também na área de sistemas dinâmicos.

Segundo as regras da premiação, 90% do montante distribuído deve ser destinado a pesquisas.



Fonte: BBC e O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário